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domingo, 22 de novembro de 2015

O Melhor e o Pior de Jogos Vorazes



Chegou ao fim a franquia criada pela autora Suzanne Collins e adaptada com sucesso para as telas de cinema. Jogos Vorazes lutou muito para se desvencilhar de rótulo de tramas adolescentes e visto as 4 obras realizadas obteve muito êxito neste sentido entre os críticos.  

Eu particularmente, considero que todo o desdobramento da franquia, foi dividido em 2 fases. A fase mais juvenil, com uma ação maior e mais romantizada e, a fase mais adulta, sombria, com o contexto político mais latente. Nisso, se dá a diferença de aceitação por parte dos dois públicos envolvidos na trama. A primeira, claro, foi um deleite entorpecedor por parte dos jovens, motivados pelo carisma da fantástica Jennifer Lawrence, que sabe como ninguém trabalhar este atributo. Já a segunda, foi criticada pelos mesmos fãs jovens, pois assumiu um caráter mais reflexivo, cheio de nuances de personagens que confundiram este público num roteiro mais bem trabalhado por Danny Strong

No fim, a franquia deixou no ar saudades entre todos, embora não tenha sido perfeita. Sim, Jogos teve suas falhas, como qualquer outro filme do gênero. Pensando nisso, nós, do Cinepós, listamos o melhor e o pior dos filmes protagonizados por Katniss Everdeen:

O contexto Histórico e Político


Regimes totalitários estiveram na moda na época da Segunda Guerra Mundial, onde alguns países tinham como inimigo em comum outros que adotaram este Regime. A premissa de Ordem e progresso tirou a Liberdade democrática de muitos povos. Neste contexto, Suzanne diferenciou sua obra das outras do gênero, criando um país dividido em 12 Distritos oprimidos pela Grande Capital, criadora dos malfadados Jogos Vorazes. Neste cenário de Guerra, terror, violência e miséria, surge o nome de Katniss Everdeen, o Tordo da Revolução. Uma espécie de Joana Dar’c para eles. Até nisso, a inspiração de Collins se fez feliz afinal, assim como a Heroína francesa, Katniss nem precisou ser uma verdadeira guerreira no campo de batalha. Apenas o Poder de seu nome junto às pessoas e a representação Mítica, eram necessários para inflamar os corações. E assim como Joana, ela foi usada por ambas as frentes, mas manteve sua essência na Batalha.

Jennifer Lawrence


A carreira meteórica de JLaw (como é conhecida para os mais íntimos), surte efeitos distintos entre o público, mas seu talento e carisma sempre são reafirmados, e não foi diferente diante do sucesso da franquia. Ela simplesmente criou uma Katniss perfeita, destemida e carismática. A cara da atriz, que é de longe a melhor de sua geração. O grande acerto da obra, que sem ela e toda o marketing que envolve seu nome, dificilmente teria toda esta atenção por parte da crítica. Neste ponto, mais uma vez atriz e personagem se fundem. 

Crescimento gradativo da protagonista


Katniss não começou como um Baluarte perfeito de Liberdade entre todos. A heroína foi criada aos poucos, não só pelo Poder da mídia dentro dos filmes, mas também amparada por um roteiro que deu todas as oportunidades possíveis para que a moça apagada e insegura do início da trama, se tornasse mais que um rosto na multidão no fim. Desde a primeira sequência, vimos o quanto Katniss cresceu dentro da trama. Uma moça fria, com extrema dificuldades em se fazer amigos, com seus medos, receios, dúvidas e até certo teimosias, foram se transformando em atributos mais heroicos, lapidados com suas qualidades pessoais. 

Para jovens e adultos 


Assim como Katniss conseguiu unir os Distritos contra a Capital, a obra conseguiu unir elementos para Jovens e adultos, mesmo que sacrificando um final melhor. Como já foi dito, dividiu-se em duas partes. Em Jogos Vorazes e Em chamas, tivemos a apresentação mais calorosa entre o público jovem que se empolgou mais com a história cheia de ação e frenesi. A Esperança e O Final trouxe uma trama mais adulta, com um ar mais reflexivo, de diálogos arrastados e pouca ação. Ambos os casos foram necessários para fazer de Jogos Vorazes, uma obra sensível aos dois públicos e por si, diferencia das demais do gênero. 

Talento mal aproveitado


Este parece ser um problema recorrente para este tipo de gênero. Com todos os holofotes voltados para os personagens e intérpretes mais jovens, o elenco coadjuvante de adultos, pouco pode brilhar. Mesmo que tenham apresentado um grande carisma, Stanley Tucci, o saudoso Phillip Seymour-Hoffman, o cantor Lenny Kravitz, a polivalente Elisabeth Banks, o talentoso Woody Harrison, o austero Donald Shuterland e por fim, a sempre ótima Julianne Moore, não tiveram muitos momentos para somar à obra. Esta talvez tenha sido uma das maiores críticas à franquia, que teve à disposição grandes atores e terminou por não aproveitá-los melhor.

Um triângulo amoroso (muito) insosso


Para quem nunca leu os livros, jamais acreditou numa história de Amor avassaladora entre a protagonista e o personagem do inexpressivo Josh Hutcherson (Peeta Mellark) pelo que foi apresentado em todas as quatro produções. O casal Katniss e Peeta deixou muito a desejar neste sentido, muito pelo abismo entre JLaw e seu colega de cena, que não conseguiu chegar nem perto da estrela momento algum. Tudo terminou como algo extremamente forçado para agradar os fãs do gênero, que se alimentam de triângulos amorosos e a constante dúvida do “com quem será que a moça vai ficar?”. Neste aspecto, a obra pode ser sim comparada a Crepúsculo o que, na minha opinião, decai bruscamente em seu interesse, afinal, com o fracasso de tentar fazer deles um casal aceitável, muita coisa se perdeu neste tempo. E não pensem que sou eu partidária do outro, Gale (Liam Hemsworth). A mim não faz falta alguma este plot romântico dentro da obra, embora seja essencial para o sucesso entre o público alvo. 

No fim, tudo poderia ter sido melhor


O roteiro mais lento de momentos contemplativos tem seu bônus e ônus. Se por um lado a direção de arte mais profissional, a proposta mais atemporal e revolucionária desmistifica a obra como algo trivial, este mesmo ritmo acabou fazendo o roteirista perder um pouco o foco no início do quarto capítulo (A esperança – O Final). É claro que não é fácil fechar uma franquia que mudou seu cenário, e assim alguns defeitos do roteiro ficaram visíveis. Alguns momentos dispensáveis (especialmente o que envolvia o tal triângulo amoroso), acabaram por sacrificar momentos realmente importantes como a inserção de mais emoção nas perdas sofridas por Katniss e na reação das outras frentes na Batalha. Aliás, da própria batalha final pouca coisa foi mostrada assim como a interrogação sobre a figura de Katniss aos olhos de todos depois de seu ato surpreendente no fim de toda a Guerra. Ficamos apenas com a subjetividade dos fatos. 


Entre erros e acertos, Jogos Vorazes merece todo o status que conquistou só pela ousadia e talento de sua criadora, que deu ao público alvo muito mais que eles conseguem supor. Pra quem teve maturidade pra entender tudo por detrás de armadilhas, corrida pela sobrevivência, romances, alianças e vilões involuntários, ficou satisfeito em aceitar algo que não precisou se condensar em historinhas tolas, sem nenhuma profundidade e importância. Algo que não barateou temas e discussões, e muito menos o custo de produções. Jogos Vorazes provou que para falar aos jovens como eles merecem, é preciso ter mais voracidade na intenção de fazer um filme do gênero no mínimo mais marcante para eles e todos nós. 

terça-feira, 17 de novembro de 2015

10 Motivos que fizeram do fim de Harry Potter algo decepcionante



Julho de 2011. Chegava ao fim a saga mais lucrativa da história do cinema. O bruxo carismático Harry Potter (Daniel Radcliffe) criado por J.K.Rowling enfim enfrentava seu algoz de anos e anos. Durante toda a trajetória, o mundo de Harry consolidou os fãs que já existiam e conquistou outros mais entre as aventuras pautadas pelos valores morais passados ao público de todas as idades. 

Mesmo tendo motivos para comemorar êxitos na Jornada, o final deixou muito a desejar. Não pelo próprio final em si, afinal, nenhum fã que se preza, gosta do fim de seus Heróis em qualquer seguimento que seja. O capítulo que encerrou a saga teve alguns pontos que deixaram lacunas consideráveis, e o que é pior, sem aquela oportunidade de reparar os erros:

Eles são maus demais


Uma coisa que sempre me incomodou dentro da saga cinematográfica foi a demonização da família Dursley formada pela tia Pefúnia (Fiona Shaw), Duda (Harry Melling) e Walther (Richard Griffths). Responsáveis por criar Harry após a morte dos pais, eles não fizeram outra coisa a não atrapalhar a vida do pobre garoto. Tudo bem que tudo serviria para o alívio cômico, mas ainda assim a vilania exagerada da família não convence se você não ler os livros, pois neles está contida a resposta pra tanto ódio e tem muito a ver com os Pais de Potter. 

Elenco mal aproveitado 


Um dos grandes trunfos da saga acabou sendo um dos seus pontos negativos. Composta basicamente da maioria dos grandes atores britânicos, nunca conseguiu dar a todos cenas e textos à altura do talento que têm. Alguns serviram apenas como suporte para Harry em cenas com textos non sense e previsíveis. Alguns chegaram a ser constrangedores, como no momento da grande batalha em que "Minerva" (Maggie Smith) faz uma piada fora de hora com o feitiço que acabara de lançar. Aliás, este tipo de gracinha foi a tônica da grande batalha que deixou a desejar. 

O fim de Bellatrix Lestrange


Ainda falando em mal aproveitamento de elenco, chegamos a Bellatrix da talentosíssima Helena Bonham Carter. Depois de chegar abalando os alicerces da vida de Harry ao ser a responsável pela morte do padrinho do menino (Gary Oldman), e do Elfo Dobby, ela se tornou uma espécie de braço direito de Voldemort (Ralph Fiennes). Sua mera presença já inspirava medo em todos. Então por que teve aquele final patético em uma cena de poucos minutos e erro de continuidade gritante? Muito pouco para quem fez tanto estrago.

Harry Potter e as Relíquias da Morte


A história foi até bonitinha, e teve sua importância para o fim, especialmente no que diz respeito à chamada Varinha das Varinhas. Então por que pareceu um capítulo à parte dentro da história de Harry? Parte da explicação vem dos livros....Ahhhhh. Sim. Segundo a sétima edição de HP, a família Potter nem sempre foi Potter e sim Peverell. Daí a relação de Harry com as Relíquias. Então por que isso não fora mencionado desde o primeiro filme (A Pedra Filosofal)? Como todas pertenciam a ele - como um herdeiro - tudo ficou em suas mãos no fim. A Capa ele ganhou sem explicações, a Pedra não quis usar e a Varinha acabou sendo dele. O negativo disso, é que ficou provado o quanto foi mal adaptada esta parte, pois pra quem nunca leu o livro, ou não se lembra deste detalhe do mesmo, ficou como eu, boiando e sem mágica para fazer a ponte (conexão) entre as histórias. 

Dumbledore: Herói ou Vilão?


Na primeira sequência (Relíquas 1), vimos que a jornalista Rita Skeeter (Miranda Richardson) consegue informações importantes do passado do Bruxo Mentor de Harry nada gloriosas segundo o título do Livro. Quando Severo tenta agir como Herói no caso dos Potter, Dumbledore pede algo em troca, criando um aspecto vilanesco. Sua dubiedade fora sustentada por seu irmão, um Velho mal humorado e ressentido que braveja o nome dele diante do quadro da irmã mais nova. "Em sua sede por Poder, Dumbledore sacrificou muitas coisas. Ariana foi uma delas". Só pra resumir, Dumbledore teria abandonado sua família problemática e saído pelo mundo com um amigo atrás das Relíquias da Morte (ele tinha a Varinha) e numa dessas batalhas por Poder, sua irmã teria morrido. Agora, se sua verdadeira índole não seria explorada em ambas as partes, por que mencionar isso no filme deixando mais perguntas, além de criar personagens dispensáveis? 

Rony Ofidioglota?


Antes de abrir a famosa Câmara Secreta, Rony (Rupert Grint) fala algumas palavras na língua das Cobras (Ofidioglocia). E depois para tentar explicar o inexplicável, ele diz a Hermione (Emma Watson) que "Harry falava dormindo....." Certamente uma das sequências mais lamentáveis e controversas entre os fãs, pois como foi colocado no segundo filme, só quem consegue abrir a Câmara é o Herdeiro do Sonserina e que tem o Dom especial da Ofidioglocia e não quem, num golpe de sorte, profere um murmúrio estridente. 

Um estranho no ninho?


Talvez encontremos esta resposta também nos livros, já que durante o tempo em que estiveram juntos (contracenaram), os personagens não demonstraram uma ligação, sentimento tão forte e sólido a ponto de Harry desejar ver o ex - Professor (David Trewlis) em seus últimos momentos de vida. Na minha opinião, uma presença que pouco acrescentou à história do bruxo (nos filmes). 

A Morte e Ressurreição de Harry


Depois de ser desafiado por Voldemort a ir sozinho na Floresta Proibida, Harry, convencido pela visão que teve do passado de Severo Snape (Alan Hickman), acredita ser a última Horcrux. Assim, ele acaba sendo atingido pela maldição mortífera da varinha do Lord, já que era preciso destruir todas as Horcruxes, certo? Só que Harry nunca poderia ser uma Horcrux como deu a entender nas explicações de Dumbledore. Primeiro, quando Voldemort criou as Horcruxes, precisava fazê-la de forma voluntária, e não involuntária....No fim, Harry precisava morrer para destruir o próprio Voldemort, que virou uma espécie de parasita dentro do corpo de Harry. No momento em que "mata" Harry, o que ele mata não é o corpo ou a alma do garoto, mas a ele mesmo. Se fosse uma Horcrux. Harry teria sido destruído. Isso explica o porquê de ter ressuscitado, saltando do colo do grandalhão Hagrid (Robbie Coltrane) em Hogwarts deixando Voldemort com (mais) cara de tacho........

A Varinha das Varinhas


Outra confusão gigantesca aconteceu com a identidade do Dono das Varinha das Varinhas. Neste ponto, é preciso perdoar a "ignorância" de Voldemort quanto ao assunto, pois a maioria ficou mesmo perdida. Segundo a historinha das Relíquias já mencionada, só poderia ser o Dono, Senhor da Varinha das Varinhas quem ASSASSINASSE seu antecessor. Isso ficou forte no primeiro filme, afinal, matar é sempre mais forte que desarmar, e se é uma Relíquia da Morte, isso caberia melhor e mais imponente. No entanto, vimos Harry dando uma explicação um tanto quanto decepcionante para Hermione. Ele era o Dono da Varinha porque Draco (Tom Felton) DESARMOU Dumbledore (Michael Gambon) na Torre de Astronomia e como Harry DESARMOU Draco na Mansão Malfoy, ele seria o Dono da Varinha. Como se vê, o Lord das Trevas (e muitos de nós) fomos enganados com a questão MATAR, DESARMAR pra no fim justificar Harry ser o Dono da Varinha. Sobrou pro Snape.....

Vilão que não deu medo em ninguém


Cruel, a Revista Preview definiu assim a participação final do grande Vilão da saga: "Voldemort mete menos medo que sua Cobra Gigante assustadora". Sendo isso uma verdade no fim, acaba se contradizendo com tudo que foi e representou o vilão nos anos anteriores. Tudo que envolvia o nome "Daquele-que-não-deveria-ser-nomeado" causava calafrios no público. Porém desde que mostrou sua verdadeira face, esse calafrio foi desaparecendo chegando a ser um vilão caricato digno de pena. Não por culpa do trabalho de seu intérprete, pelo contrário, Ralph Fiennes trabalhou com o que lhe foi dado e foi até bem. Mas no fim, seu Lord das Trevas não correspondeu ao seu imenso talento.


Seja por meio dos livros ou pelas telas do cinema, o público que aprecia uma boa forma de entretenimento, busca sempre pelo melhor. E merece o melhor. Obras adaptadas devem ter a missão de antes de tudo, agradar o espectador em todos os níveis. Esta missão só se dá com exatidão quando se preocupam em fazê-lo com paixão pela arte e não visando apenas os enormes frutos que contratos milionários podem gerar. Com todo o respeito aos fãs e a saga de HP, que não deixou de ser um ótimo entretenimento, não poderia deixar de explanar aqui meu sentimento de que tudo deveria ter sido melhor para respeito aos próprios fãs e a quem não quer sair da sala de projeção direto para uma Biblioteca mais próxima levando consigo uma Lista de porquês. 

Os fãs mais ardorosos vão com certeza odiar esta minha crítica, se valendo do argumento "Nem leu o Livro...", tá ok. O dia em que eu quiser ler os Livros, talvez eu entenda mais, mas estamos falando de cinema, algo que deveria ser feito sem deixar lacunas tão gritantes. Assim se faz uma obra bem adaptada, afinal, não precisei ler O Senhor dos Anéis para entender a obra cinematográfica. A questão é adaptar ou seguir a risca o que está contido nos Livros? Pois neste caso não pode existir um meio termo.   

O autor de novelas Manoel Carlos costuma dizer "Escrever uma novela é como comandar um Boing. A decolagem pode ser meteórica, o voo pode até sofrer um ou outro sobressalto, mas a aterrissagem tem que ser perfeita". Harry Potter teve uma decolagem meteórica, um voo com poucos sobressaltos, mas a aterrissagem foi desastrosa.