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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Quando um não é pouco e dois é demais



O sucesso de um filme muitas das vezes é medido pela aceitação popular. De algumas obras onde tantos depositam as fichas, muitos esperam o Sucesso, mas de outras, o Sucesso pode vir de forma inesperada. Uma boa e cativante história pode ou não ser a queridinha da crítica, mas quando ganha o grande público, é impossível renegar, especialmente os grandes estúdios, que apostam em sequências para explorar mais todo um retorno. 

Contudo, o que antes era a galinha dos ovos de Ouro, pode se tornar um problemão sem a sensibilidade o suficiente para se manter engavetado projetos vergonhosos. 

Pensando nisso, resolvi listar 10 das muitas sequências equivocadas de Sucessos do Cinema:

Alice através do Espelho (2016)


Seis anos depois de estar no País das Maravilhas acompanhada por seus incríveis amigos, a bela Alice (Mia Wasikowska) retorna ao mundo do Chapeleiro Maluco (Johnny Deep) agora para interferir no Tempo e ajudá-lo a reencontrar com sua família que estaria viva. No "mundo real", a moça estaria um com um novo dilema. Perder tudo que tinha conquistado para seu ex noivo. 

Seis anos é muito tempo para se esperar por uma sequência desnecessária de um filme que foi sucesso de bilheteria mesmo sem o aval da crítica. Sendo assim, com atores mais envelhecidos e sem a mesma energia de antes para os personagens, o resultado foi desastroso numa história confusa e sem nenhuma importância. Dessa vez nem mesmo os pitis da Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter - "Cortem-lhes a cabeças!) conseguiu salvar esta péssima ideia. Anne Hathaway só fez figuração e Sacha Baron Cohen foi péssimo como de costume. 

Doze homens e Outro Segredo (2004)


A trama acontece três anos após o primeiro filme. Só lembrando que eles seguem sempre três regras: "não ferir ninguém", "não roubar quem não mereça" e "seguir o plano aconteça o que acontecer". Alguém quebra a regra número um e os denuncia a Benedict (Andy García), o empresário roubado pela quadrilha de Danny (George Clooney). Ele quer seu dinheiro de volta, e com juros. Então Danny e sua trupe resolvem assaltar ao redor do mundo para tentar arrecadar o dinheiro necessário. Mas não esperavam envolver-se com um grande criminoso, o Raposa Noturna (Vincent Cassel).

O estrondoso sucesso do primeiro filme se deve muito em parte a química e interação hábil de um elenco formidável. Com a inserção de uma nova estrela (Julia Roberts), as coisas desandaram de tal forma, que o elo que unia uma interessante trama se partiu. Com a confusão de sua personagem mal construída dentro da história, tudo virou uma sequência sonolenta que só teve bons frutos em coisas repetitivas do primeiro filme. 

Legalmente Loira 2 (2003)


Depois de se formar em Harvard, Elle Woods (Reese Witherspoon) é agora uma jovem advogada que conseguiu seu primeiro emprego em um grande escritório e divide seu tempo entre a carreira e os preparativos para seu casamento. Ao descobrir que a mãe do seu adorado chihuahua, Bruiser, está sendo usada como cobaia em testes com cosméticos por um dos clientes do escritório, Elle resolve defender os direitos dos animais e é imediatamente despedida. Arrasada, mas sem deixar de ser otimista, ela vai para Washington DC trabalhar com a congressista Victoria Rudd (Sally Field) e resolver as coisas do seu jeito, criando uma lei que proíba os testes com cães e outros animais, libertando assim a mãe do cachorrinho.

O filme se aproveita sem nenhum pudor da fórmula de sucesso do primeiro. Até a própria Reese Witherspoon não consegue mudar, repetindo o mesmo trabalho, sem acrescentar praticamente nada à sua personagem que poderia ter amadurecido um pouco mais. No entanto, diante da proposta infantil do filme, é impossível exigir tanto. 

Hannibal (2001)


Os clássicos personagens Hannibal Lecter e Clarice Starling voltam a se encontrar nesta sequência tão desprezível quanto asquerosa. 

O Dr. Hannibal Lecter (Anthony Hopkins) foge da prisão, e dez anos depois, vive tranquilamente pelas ruas. Porém, a agente do FBI, Clarice Starling (Julianne Moore), que nunca se esqueceu da conversa que teve com ele, passa o tempo todo apreensiva buscando soluções para capturá-lo com a ajuda de Mason Verger (Gary Oldman), uma vítima e sobrevivente do ataque de Lecter. 

Para causar impacto no filme, os autores abusaram da boa vontade dos espectadores, jogando tudo num roteiro previsível, interpretações preguiçosas e cenas dantescas como a de um dos inimigos de Lecter, interpretado por Ray Liotta, comendo o próprio cérebro cozido e servido pelo vilão. 

Efeito Borboleta 2 (2006)


Julie (Erica Durance) estava comemorando seu 24º aniversário com o namorado, Nick (Eric Lively), e seus amigos. Nick teve que ir a uma reunião de trabalho. Ele dirige em rumo à cidade e, todos dentro do carro, sofrem um acidente com um caminhão. Dos quatro amigos, Nick é o único sobrevivente. Um ano depois, Nick descobre que tem o Dom de retornar ao passado e tentar modificar as coisas. E claro, usará isso para tentar evitar que sua amada parta dessa pra melhor. 

A originalidade do primeiro filme estrelado por Ashton Kutcher já foi pro espaço só por esta sinopse e quando as tentativas de burlar esta previsibilidade decaem para sequências de cenas com erros de continuidade pavimentadas com sexo em abundância, a obra torna-se facilmente esquecível. 

Miss Simpatia 2: Armada e Poderosa (2005)


Após ter combatido uma ameaça terrorista no concurso de Miss Estados Unidos, Gracie Hart (Sandra Bullock) acaba por tornar-se uma celebridade, o que a deixa frustrada uma vez que a prejudica no trabalho. Com isso, Hart é convidada a ser o rosto oficial da organização e ganha uma nova amiga de trabalho, a agente Sam Fuller (Regina King). Entretanto, Hart decide por voltar à ativa quando sua amiga e Miss Estados Unidos e o apresentador do concurso são sequestrados em Las Vegas. 

Uma nova aventura armada para a simpática protagonista de um inesperado sucesso não foi tão poderosa quanto muitos pensavam. Nem mesmo todo o brilho da incontestável estrela conseguiu dar um vigor a esta sequência bocejante, de piadas sem graça e cenas de ação mal conduzidas. Nada que lembrasse a força da natureza cinematográfica que foi o original. 

Instinto Selvagem 2 (2006)


Catherine Tramell (Sharon Stone) é uma escritora de suspenses que se mudou há pouco de São Francisco para Londres. A misteriosa morte de um astro do esporte, em que Tramell esteve envolvida, faz com que o respeitado psicanalista Michael Glass (David Morrissey) seja designado para fazer uma avaliação psiquiátrica da escritora. Glass logo se sente fisicamente atraído por Tramell e ao mesmo tempo intrigado com ela. Contrariando os conselhos de sua mentora, Glass se envolve com Tramell, dando início a um jogo de mentiras e sedução.

Quando protagonizou o filme original, quase 15 anos atrás, Sharon Stone foi catapultada para o estrelato. A história de 1992 era erótica, cheia de reviravoltas, que mexia com a cabeça do espectador até o fim do filme. Um sucesso que foi descaradamente copiado nesta sequência, só que sem o mesmo charme. Pra quem viu o primeiro e a lendária cruzada de pernas de Stone, pode desistir desse. 


O Caçador e a Rainha de Gelo (2016)


Sequência de "Branca de Neve e o Caçador", trouxe Chris Hemsworth e Jessica Chastain como o casal de Caçadores travando uma nova batalha com a Rainha Ravenna (Charlize Therón) e sua irmã Freya (Emily Blunt), a Rainha do Gelo, que depois de perder o Amor e uma filha, viveu por décadas sozinha em um remoto palácio, criando seu próprio grupo de caçadores mortais. 

Ninguém entendeu e muito menos engoliu uma sequência de um filme que não foi tão bem aceito pela crítica. O resultado não poderia ser outro, além de um total desperdício de um ótimo elenco. Tudo é fraco no filme. A motivação da Rainha de Gelo em ser Má, o retorno de Ravenna sem razão alguma e um Amor tão convincente capaz de sucumbir a uma mentira mal elaborada.


Mudança de Hábito 2: Mais loucuras no Convento (1993)


Quando uma escola pública dirigida por freiras é ameaçada de ser fechada devido ao péssimo comportamento de seus alunos, a Madre Superiora (Maggie Smith) decide convocar a cantora Deloris (Whoopi Goldberg) para dar aulas de música, formar um coro e tentar mudar a vida dos jovens. Ela, então, abandona seus shows em Las Vegas e volta a se disfarçar de freira para assumir a nova missão. 

O título em português (Mais loucuras no Convento) deveria servir para a ideia dos roteiristas, que um ano depois do megasucesso da primeira sequência, decidiram destruir sem nenhuma razão aparente, o que construíram. A motivação de falência da Escola é um dos elementos repetitivos, que cria uma história chata com uma garota rebelde e insuportável, que teria talento para a música, mas se nega a juntar-se ao grupo. Os números musicais não são tão vibrantes, e nem mesmo Woopi Goldberg com talento e carisma consegue salvar este equívoco. O pior é ver as freiras como simples ornamento dentro do filme. Dispensável. 

Velocidade Máxima 2 (1997)

Annie Porter (Sandra Bullock) está num luxuoso navio com o seu namorado Alex Shaw (Jason Patric) para passar férias no Caribe, mas alguém chamado John Geiger (Willem Dafoe) um gênio em informática toma o controle do navio. Alex, que secretamente é membro da SWAT,  precisa rapidamente anular os planos de Giger e fazer com que todos cheguem em segurança à costa, mas há um grave problema: como Alex vai enganar Geiger, se ele controla todo o navio através de um teclado?

Dentre todos os problemas dessa péssima sequência, está a ausência de Keanu Reeves, com quem Bullock teve uma química que se sentia a léguas de distância. Unir a protagonista com um mocinho fraco e sem carisma, foi um tremendo tiro no pé. No entanto, este é o menor dos problemas. Cheguemos ao vilão, interpretado de forma penosa e caricata pelo ótimo William Da Foe e sua motivação ridícula de buscar vingança. Os diálogos são insossos e desconectados, em alguns momentos, irritantes. Nem com a música vibrante de Carlinhos Brown (A namorada), parte da trilha sonora do filme, dá pra engolir esta bomba cinematográfica.